sábado, 26 de fevereiro de 2011

JOSÉ DO EGITO VISTO SOB UM ÂNGULO PSICANALÍTICO

José está na adolescência e cuida de ovelhas e cabras (mudanças alternadas na mente do adolescente, umas calmas outras mais ousadas). Filho de uma das esposas de seu pai Jacó (além de mostrar historicamente uma sociedade poligâmica, também demonstra um homem no sentido universal). O pai também representa o super-ego, pois ele conta para seus pais os erros de seus irmãos (seus "eus interiores"). José ganha uma túnica (seu despertar é premiado por uma proteção). Os outros irmãos ("eu pecaminosos") sabiam que José era mais puro e mais querido do seu pai (luta interior). José sonha que é um feixe em pé e os irmãos feixes em volta (consciência de que tem condições de dominar seus outros "eus interiores"). Outro sonho: sol e lua e onze estrelas se curvam diante dele (indica expansão mental e universal, possibilidades de arcar vôos em direção de pensamentos mais lógicos dedutivos e indutivos). Seu pai pede para José procurar seus irmãos e ver se estão bem (necessidade de conferir suas realidades internas). Seus irmãos ("eu internos") o jogam no fundo do poço (o jovem ainda não tem o mundo sob seu controle) e o vendem a mercadores (escravo dos poderes do mundo). Os irmãos sujam a capa de José com sangue de animal e mostram ao pai que fica de luto, mas promete encontrar-se com ele depois da morte (a proteção permanece, embora o mundo a tente disfarçar e anular. O pai também se apresenta como um Pai Espiritual).
José torna-se escravo de  Potifar, Oficial-Capitão da guarda do Faraó do Egito (está preso ao seu ego) e também sob o controle do super-ego. Está vivendo um jogo muito duro na realidade. O ego tende-se equilibrar com todas as suas forças entre as mazelas do inconsciente e as proclamas do super-ego.
A tentação da mulher de Potifar está dentrto deste jogo. A alma está ilhada nas armadilhas mundanas e não é fácil e simples sair delas. Na mesma prisão se encontram o chefe dos copeiros (vinho) e o chefe dos padeiros (pão). O vinho simboliza o espírito, a alma e o pão simboliza o material, a terra.
O chefe dos copeiros sonha que tinha três galhos de uvas e oferecia uvas ao rei. José responde que será solto em três dias.  O espírito sobreleva.
O chefe dos padeiros sonha com três cestos brancos sobre sua cabeça. No cesto mais alto havia todos os manjares de Faraó e as aves os comiam.  José responde: dentro de três dias Faraó levantará a tua cabeça sobre ti, e te pendurará num pau, e as aves comerão a tua carne de sobre ti. Representação do devenir da própria matéria. Recordação de que o espírito está acima da matéria.
José pede ao chefe dos copeiros que se lembre dele, mas ele se esquece. Nós muitas vezes nos esquecemos das revelações divinas que recebemos.
As coisas aconteceram conforme reveladas por José.
Sonhos do Rei: Sete vacas magras engolem sete vacas gordas e sete espigas feias engolem sete espigas belas. Neste momento o copeiro mor se lembra de José que é levado ao Rei, desvendando-lhe os sonhos, dizendo que a revelação declara que haverá sete anos de fartura no Egito e logo após virão sete anos de fome. Que ele deveria investir em plantio e celeiros para aguardar os tempos difíceis que chegariam. Vê-se que é pela luz do espírito (copeiro/vinho) que José volta ao controle de si, pois o Faraó o elege Governador do Egito. Significa que a alma conservava um elo espiritual e não se entregou às mazelas da matéria. Os sonhos do Rei, também significam nossos sonhos gloriosos, aos quais devemos estar atentos a eles, para interpretá-los, pois são eles que nos ajudam a vasculhar nossos sentimentos mais reprimidos jogados no fundo do inconsciente.
O Egito escapa da fome e da miséria, reconcilia-se com seus irmãos, encontra seu pai. Em outras palavras, o ser atinge maturidade e já sabe conviver seus conflitos interiores, conhece o valor do perdão, da renúncia, da reconciliação e não se distancia de seu Criador.
Em seu trabalho, não há destruição nem repressão de seus conflitos interiores, existe realmente um trabalho que os harmoniza e reequilibra. Este é o verdadeiro trabalho psicanalítico. Um ser assim é capaz de elevar o nivel moral e social da humanidade. A vinda da família para o Egito e a volta para Israel, significa o valor do encontro no processo amoroso do perdão e a recompensa pela glória recebida.

sábado, 12 de fevereiro de 2011

MOISÉS PODE SER VOCÊ MESMO

Ensinamento do Rabino Youssef

Moisés pode ser você mesmo! Estranha declaração não é? Todos nós somos escravos do mundo e necessitamos nos libertar desta escravidão. O Faraó representa a parte cruel de nosso ego que mata todas as nossas criancinhas interiores. Porém, este próprio ego, tem seu lado bom. Por exemplo sua filha princesa que encantadoramente brinca no lago(lago da paz, da inocência interiora). Para que nossa criancinha real, nosso eu espiritual alcance libertação, ele deve descer pelas águas límpidas da proteção de nossa mãe amada( nosso Eterno Divino)  e ficar sob a proteção da princesa encantada que banha no lago da inocência de nós mesmos. Enquanto a alma vai crescendo na corte suntuosa do Ego (Faraó terrivel), ela também vai tomando conhecimento de sua linhagem e herança espiritual. Conhece sua família, seus pais, seus irmãos, em outras palavras se reconhece como filha do Eterno e não como filha do mundo(a terra de Mizraim , o Egito).  No bom sentido, ela precisa de acabar com as mazelas que acorrentam alguns de seus sentimentos interiores que ainda estão escravos. Depois ela foge. Vai para o deserto. Passa por um processo de renúncia total. Inclusive de ser filho do Faraó do Egito (Ego terrivel do mundo).  Conhece um sogro que é mestre. Casa-se. Em outras palavras, ela se ajugenta do mundo prisional das paixões, volúpias, desejos, etc e se distancia, onde encontra os primeiros ensinamentos para o seu crescimento. Mas isto não basta. Uma vez adquirindo tal envergadura, ela necessita libertar todos os outros escravos. São imperfeições mais solidificadas dentro dela mesmo. Ela tem que lutar frente a frente com o Faraó (Ego terrivel), e libertar seus escravos interiores do mundo mal(Egito, terra de Mizraim). Tem problema na fala. Ou melhor, sua linguagem ainda está contaminada pelo mundo. Necessita substituí-la pela linguagem sagrada (AArão, seu irmão, fala por Moisés). A palavra tem poder, alcança autoridade espiritual.  Mas só pode vencer com a ajuda do Eterno, que lhe protege. Ela de novo precisa de se afastar mais das tentações e provas do mundo. Leva-se anos num deserto de privações e provas. Mas logo de início recebe o Torá, ou melhor, um código de leis que com certeza haverá de sustentá-la na travessia. Chega o momento final. Para trás, fica o velho homem e segue o homem novo (Josué- veja a semelhança com IAVÉ - IOUA - IOCHUA, etc). Porém a luta continua, há muralhas a serem derrubadas, espaços a serem conquistados e posições a serem tomadas. Ela sabe qual o caminho da libertação, porque conseguiu sair do caminho da escravidão. Uma epopéia que pode ser vivida por cada um de nós. Moisés (o filho tirado,  salvo) é filho de Joquebede (A glória de Iavé), tem um irmão sacerdote Aarão( o iluminado), seu pai Anrão (povo engrandecido), sua irmã  Miriam (significa senhora). Pois bem, aquele que se salva das mazelas do mundo, torna-se filho do povo engrandecido pelo glória do Eterno. Sua alma se ilumina e se torna senhora de si. Eis aí a chave mosaica para qualquer um de nós.


SOCIEDADE CIVIL OU SOCIEDADE SERVIL

O Rabino Youssef, conversando com um amigo, a caminho da Sinagoga, este confidenciou-lhe que estava muito preocupado com a situação mundial, principalmente com referência ao sistema político mundial, rodeado dos três poderes. Percebia que cada poder, seja ele legislativo, executivo e judiciário, estava criando um feudo particular com amplos poderes de aumentar seus salários como quisessem, de ampliar seus direitos ao extremo, de exercer desmandos sem serem julgados, uma vez que eles mesmos criam as leis e as alicerçam de vertentes, por onde escapam quando necessitam.
Rabino Youssef  fez o seguinte comentário: "No início das sociedades dominavam os chefes tribais primitivos, com o passar do tempo se tornaram reis e monarcas. Alguns, desde a antiga Babilônia, Egito, Assíria, Pérsia (hoje Irã), alguns estados-cidades gregas, Grécia pós Alexandre, Roma, Europa Feudal, chegaram ao cúmulo de alegar um direito divino sobre o trono e à posteridade, pertencendo pois a filhos e netos, etc. Todos os segmentos da sociedade eram controlados por este indivíduo, desde economia, comércio, leis. Mandavam à forca por lesa majestade. Eram senhores de todos. A partir do século XV, em toda a Europa iniciou-se uma inquietude geral, porque desencadeou-se a visão crítica da realidade, da arte, da religião e da sociedade. Este movimento renascentista culmina com a teoria heliocêntrica e o antropocentrismo, inclusive na Reforma Protestante e no Renascimento da Ciência Moderna com Galileu. Mas o poder monárquico se reforça de um lado com a expansão marítima, a colonização e a escravização. Surgiu o estado absolutista com seus defensores, uns dizendo que os homens deveriam renunciar às suas vontades para serem governados por um governo absoluto, numa espécie de um maldito contrato social. Outros que os homens deveriam se portar como cordeirinhos porque o rei tinha seu poder por origem divina. Mas revoltas começaram a nascer por toda parte. Um exemplo é a instalação de uma monarquia parlamentar na Inglaterra, com o Bill of Rights (Declaração de Direitos), onde o parlamento limitava os poderes do rei. Com a superioridade da lei sobre a vontade do rei, começa o declínio do absolutismo, a partir da Revolução Gloriosa (1688-1689). Este é o caminho do Estado Liberal dos três poderes: Legislativo, Executivo e Judiciário. Inicia-se também o Iluminismo ou Esclarecimento, em busca de mais liberdade política e econômica. Não há dúvidas que por trás destes movimentos estão burgueses intelectuais. Agora a razão era a suprema luz e direção. Por ex. John Locke (1632-1704) condenava o absolutismo, defendia a liberdade dos cidadãos com tolerância religiosa e liberdade política. Voltaire, não propriamente um democrata, lutou pelas liberdades individuais, propriedade privada e liberdade religiosa. Diderot e D'Alembert criaram uma enciclopédia de 33 volumes, que pode ser considerada a democratização do conhecimento ou a mãe do GOOGLE.  Montesquieu (1689-1755) na obra O Espírito das Leis, defende a separação dos poderes do Estado em Legislativo, Executivo e Judiciário. Rousseau declara que todos os homens nascem livres. A única constituição que ainda se constitui natural é a família.  Daí em diante, vem uma série de lutas, revoluções, transformações, por onde chegamos à República e Democracia, antigos sonhos de muitos que deram o sangue por eles.
Se os três poderes continuarem agindo de forma que se privilegiem, que alcancem níveis salariais extrapolados, que atinjam a poderes ilimitados, nós simplesmente voltaremos à época dos grandes tiranos, dos monarcas despósticos e com certeza iniciarão movimentos libertários em busca de direitos iguais por toda parte.
Ainda não vi, sistema melhor do que este dos três poderes, da república e da democracia, mas o que necessitamos é realmente de um acerto das questões relatadas. De outra forma, em lugar de uma sociedade civil, teremos uma sociedade servil."

FAÇA O QUE VOCÊ GOSTA

Um jovem procurou um Rabino para ensinar-lhe o aperfeiçoamento no trabalho. Eis a resposta: "Primeiramente você deve fazer aquilo que gosta. Pois aquilo que lhe apraz foi o toque da vara de condão que o Eterno deu em sua alma. Para aquilo que você gosta, inclina o seu coração. Com certeza terá sucesso ao fazer o produto do seu dom.
Não deixe para fazer à tarde, o que possa fazer de manhã. Faça primeiro as coisas mais difíceis, pois quando começamos nossas tarefas de manhã, estamos mais animados e com mais energia. Deixe as coisas mais fáceis para depois.
Faça sempre um pouco mais, pois quando estiver doente, se recompensará com o mais que fez. Não trabalhe com ambição, trabalhe com devoção.
Pense sempre que o seu trabalho é para o bem da humanidade e não somente para o seu bem. Tire uma parte do seu trabalho para doar àqueles que necessitam, sejam viúvas, órfãos, anciãos, necessitados em geral.
Faça cada vez melhor e com maior graciosidade. Use dinâmica e criatividade. Trabalhe com alegria, usando todo o corpo, toda a alma e toda a sua mente. A palavra laboratório, vem de duas palavras latinas: labor = trabalho e oratório. Então é o local para trabalhar em estado de oração. Os antigos trabalhavam assim.
Nunca perca de vista que o Eterno tem suas mãos sobre seu trabalho."

TECNOLOGIA E GLOBALIZAÇÃO

Numa conversa sobre tecnologia e globalização, o jovem dirigiu-se ao Rabino da seguinte forma: "Senhor, vivemos no ápice tecnológico e nas fronteiras de uma aldeia global. Vivemos uma era magnífica!".
O Rabino Youssef olhou para ele longamente e respondeu: "Meu filho, há que ponderar. Você vai ao supermercado e quase não vê mais grãos ou sementes. Os que ainda encontramos, e que não são alimentos enlatados, são transgenizados. Perderam sua essência natural nas mãos dos modernos tecnólogos da agricultura. Além disto são resultados de adubos químicos e inteticidas diárias. Vou usar o supermercado para responder às suas duas questões relativas à ponta tecnológica do momento e à globalização. Ali dentro, as pessoas estão todas juntas umas das outras, mas totalmente separadas e selecionadas conforme seus poderes de compra. Nossos ancestrais durante milênios conservaram o solo, os grãos, as sementes, foram carregando-os de geração em geração, sem nenhuma deturpação. As últimas gerações, avançaram pelo caminho desordenado das ciências, criaram adubos químicos que contaminaram tudo pela frente, deformaram os grãos e as sementes, pulverizaram com inseticidas, agrotóxicos, produtos monofosforados, piretróides, etc. Não sabemos até onde irá o estrago em nossos organismos internos de toda esta panacéia criada pela ciência moderna.
A brutalidade social exercendo a pressão do desemprego e da fome é a maior desumanização que toda a história humana conheceu até hoje. Não existe nenhuma globalização. Existe aculturação, violência bélica ou até mesmo invasão ao mundo interno de cada cultura, criando laços de ódio e ressentimento, que podem trazer efeitos maléficos por ene gerações.
Meu filho, é necessário olhar mais de perto a sociedade atual. Será que ela caminha em direção ao amor? E lembre-se, amor, não é uma dádiva para francoatirador. Amor não é à distância. Amor é responsabilidade e envolvimento com o outro. O outro? Quem é o outro? Além de ser cada próximo nosso, também é o grão, a semente, a grama, o rio, o mar, o solo, a vida."